O cafeeiro é resiliente aos estresses climáticos?
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O café é originário das terras altas da Etiópia e sua história começou no século IX. Difundiu-se para o mundo através do Egito e da Europa, e seu nome se origina da palavra árabe qahwa, que significa "vinho”, devido à importância que a planta passou a ter para o mundo árabe. A bebida foi denominada como Kahwah ou Cahue, que significa força, e hoje é a mais consumida no mundo.
De aroma único e sabor inconfundível, o grão é um dos produtos mais queridos dos brasileiros e faz parte da nossa cultura alimentar em suas mais diversas formas e composições gastronômicas. Contém carboidratos, proteínas e gorduras saturadas, além de uma diversidade de componentes como alcaloides, flavonoides, óleos essenciais (ácido cinâmico, aldeído cinâmico), vitaminas e minerais, como cálcio, fósforo e ferro. Diversos estudos científicos comprovam que o endosperma do café, tecido nutritivo presente nas sementes, possui uma boa quantidade de proteínas, que em alguns casos se assemelham as proteínas encontradas na soja.
A produção de café no Brasil é responsável por cerca de um terço da produção mundial, o que faz o país ser de longe o maior produtor. Porém, 15% dessa produção não possui a qualidade desejada. É o café conhecido como P.V.A (pretos, verdes e ardidos), escolha ou resíduo, que gera um problema para o produtor, pois não apresenta nenhum valor no mercado e seu índice é descontado na chamada cata ou catação (ex.: Classificação Cooxupé RA1 com 15% de catação).
E se esse café pudesse servir também como alimento?
Pesquisas pioneiras mostram que a quantidade e qualidade das proteínas presentes no endosperma do café P.V.A é basicamente a mesma do de média ou boa qualidade. Além disso, a proteína é uma commodity para complementar a alimentação de quem deseja se manter bem nutrido e, principalmente, para os praticantes de atividades físicas. Basta pensarmos no whey protein, um complexo de proteínas extraídas do soro do leite, altamente digeríveis e rapidamente absorvidas pelo organismo.
Dentro dessas novas perspectivas, abre-se um futuro sobre derivados da proteína do café para a alimentação, com potencial para serem produzidos a partir do café P.V.A. Além disso, as proteínas do café, além de possuírem excelente qualidade, não tem componentes que podem causar alergias, como lactose por exemplo, por isso seu consumo seria admitido por pessoas alérgicas, veganas ou que sofrem de problemas gastrointestinais.
Durante o X Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, que aconteceu na cidade de Vitório/ES, entre os dias 8 e 11 de outubro, Guy Carvalho teve a oportunidade de conversar pessoalmente com o Carlos Bloch, da Embrapa Cenargen - Brasília, sobre esse assunto, e baseado nessa entrevista este conteúdo foi preparado.
Assista a entrevista na íntegra na aba Vídeos e confira!
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