O cafeeiro é resiliente aos estresses climáticos?
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Dentro do processo produtivo do café
ou de qualquer cultura, uma etapa de extrema relevância é a recomendação de
corretivos e fertilizantes, e para que ela atinja o seu objetivo deve-se
conhecer a fertilidade do solo no qual será ou está implantada a produção. Para
a determinação da fertilidade do solo, uma característica das amostras simples
comumente desprezada é o seu volume, que apresenta relação com o número de
amostras coletadas para formar uma amostra composta representativa.
Existem duas formas de
amostras: as
simples, que são aquelas coletadas de forma individual e em pontos escolhidos
ao acaso dentro de cada unidade de
amostragem (talhão homogêneo) da lavoura (RAIJ, 2017), e as compostas, que são formadas
pela mistura homogênea de um número predefinido de amostras simples de pequeno volume (CLINE, 1944).
Para conhecer a fertilidade do solo é indispensável a análise química obedecendo os critérios técnicos de coleta, ou seja, coletar o solo na projeção da saia, de ambos os lados da rua, com um mínimo de 20 subamostras por gleba homogênea quanto ao solo, idade, variedade e espaçamento.
Para a amostragem de solo na cultura
do café geralmente são coletadas, ao acaso, 20 amostras simples de solo sob a
copa de cafeeiros distribuídos na unidade de amostragem, visando formar uma amostra composta representativa
(GUARÇONI, 2016). E, antes da implantação da lavoura, é importante efetuar amostragem de 0 a
20 cm e outra de 20 a 40 cm na mesma perfuração, o que permite a orientação
sobre a necessidade de um manejo diferenciado de correção indispensável ao
sucesso na formação.
A prática de retirar amostras de solo para a
realização de análises deve ser realizada de forma anual na cafeicultura e é
importante que, em lavouras de produção, seja realizada antes da arruação (caso esse tipo de
trato cultural ainda seja utilizado), com um
intervalo de pelo menos 60 dias após a última adubação potássica (de maio a
agosto). Caso contrário, pode-se resultar em adubações e calagens incorretas,
com prejuízos econômicos e ambientais. No entanto, de acordo com o nível tecnológico e com as
particularidades de cada região, pode-se realizar a amostragem em outra época
ou, ainda, mais de uma amostragem por ano.
Para a realização da coleta das amostras existem
várias ferramentas que podem vir a ser usadas, variando de acordo com o nível
tecnológico e a realidade do produtor. Podem ser utilizados desde enxadões até
trados motorizados ou furadeiras elétricas. Nenhum dos equipamentos pode ser
determinado como o mais adequado para uso, porém deve ser ressaltado que a
ferramenta utilizada deve ser de boa qualidade e não pode soltar partículas no
solo que venham a comprometer a realidade da amostra. Algumas ferramentas
permitem que a amostra seja retirada com menor esforço físico e em menor tempo,
como os trados, que ainda permitem que sejam sempre coletadas amostras com um
mesmo volume. Existem vários tipos de trados, como o trado holandês, ideal para
a coleta em solos que possuem textura de média a argilosa, devendo ser utilizado
úmido para que as partículas fiquem aderidas, ou o trado de caneca, que pode
ser utilizado para a coleta em todos os tipos de solo, sendo mais adequado para
solos que possuem textura leve ou argilosos que estejam mais secos (GUARÇONI,
2007). Caso se utilize para a coleta o enxadão, ou até mesmo a cavadeira, deve-se
cavar um buraco de modo que se retire
todo o solo dele e, a seguir, realizar a coleta de uma fatia de cima para baixo
do solo de maneira uniforme.
Após ter realizada a coleta, o recipiente que for
utilizado para a homogeneização das amostras simples deve estar livre de
qualquer partícula ou substância que possa vir a comprometer a amostra composta
final. Para encaminhar a amostra ao laboratório, ela deve estar bem
identificada com informações necessárias para que não haja confusões, assim
como para posterior interpretação e recomendações técnicas de seus resultados.
Fonte:
CLINE, M.G. Principles of soil sampling. Soil Science, v.58,
n.4, p.275-288, 1944.
GUARÇONI, A.; ALVAREZ V., V.H.;
NOVAIS, R.F.; CANTARUTTI, R.B.; LEITE, H.G.; FREIRE, F.M. Diâmetro de trado necessário à
coleta de amostras num cambissolo sob plantio direto ou sob plantio
convencional antes ou depois da aração.
Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v.31, n.5, p.947-959, 2007.
RAIJ, B. Fertilidade do
solo e manejo
de nutrientes. Piracicaba: International Plant Nutrition Institute,
2017. 420 p.
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