O cafeeiro é resiliente aos estresses climáticos?
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Algumas regiões no Sul de Minas já ultrapassaram 50% do café colhido e o que nos desperta interesse é a reclamação em comum entre os produtores: o alto índice de grãos brocados na produção.
A broca é um besouro da espécie Hypothenemus hampei, que perfura os frutos do cafeeiro para depositar seus ovos. Ao eclodirem, as larvas se alimentam das sementes, destruindo-as completamente ou danificando-as. Esse besouro possui cerca de 1,7 mm de comprimento e 0,7 mm de largura e seu ciclo de vida tem duração de 22 a 35 dias, seguindo a metamorfose de: ovo > larva > pupa > adulto.
Com aspectos bioecológicos e comportamentais particulares, o primeiro ataque da broca do café ocorre na época entre 80 a 90 dias após a floração, período em que realiza somente um furo de marcação no fruto. Após 50 dias, o inseto retorna para a oviposição. Assim que nascem, as larvas começam a se alimentar dos grãos de café e os danificam ou destroem completamente. A melhor forma de evitar que o ciclo da praga se complete é durante a colheita e o seu combate se dá pela pulverização de inseticidas (controle químico) e coleta dos frutos de café remanescentes nas plantas após a colheita (controle cultural).
Na classificação brasileira, o grão pode possuir apenas os orifícios da broca, sendo considerado “brocado limpo”. Se além do orifício ainda estiver “azulado” ou “esverdeado” é considerado “grão brocado sujo”. A coloração esverdeada nos grãos acontece por conta da ação mecânica da perfuração e oxidação, assim como a presença de fungos e bactérias. A presença de fungos toxigênicos, além de alterar a qualidade do café, pode colocar em risco a segurança do produto através da produção de metabólitos secundários que, mesmo em pequenas concentrações, são tóxicos ao homem e aos animais.
Na classificação do café por tipo, dois grãos brocados sujos e cinco grãos brocados limpos correspondem a um defeito, aumentando a catação e a perda de peso. Esses grãos, que prejudicam o aspecto do café, podem ser eliminados pela catação manual ou mecânica e evitados pelo repasse nas lavouras e combate à praga.
Além de prejudicarem a classificação física do café, ainda depreciam severamente a bebida. A presença de grãos brocados traz sabor residual, levando a fundos fermentados (por conta dos fungos no brocado sujo), mofados e bebida irregular. O grão brocado não serve no mercado exterior por não conseguir encaixar o café no tipo 2 e os importadores de café especial não aceitam esse grão presente no lote. Café com broca não serve para mercados mais exigentes.
A presença de estrelinhas nas lavouras de café é um aviso, uma resposta das plantas ao clima adverso de que algo está fugindo da normalidade
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