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09/03/2022
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Dra Paula Santini
Resistência a pragas e doenças entre diferentes cultivares de café

A ferrugem alaranjada, doença causada pelo fungo Hemileia vastatrix, apresenta ampla variabilidade em relação à patogenicidade causada por 45 raças fisiológicas identificadas em todo o mundo. No Brasil, 65 cultivares de café arábica se encontram registrados no Ministério da Agricultura, com níveis variáveis de resistência à ferrugem, mas a ocorrência sucessiva de novas raças do fungo torna suscetível boa parte desses cultivares.

Tabela 1: Cultivares brasileiros de café arábica com níveis variáveis de resistência à ferrugem

Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)


O cultivar IPR 102 é considerado moderadamente suscetível à ferrugem, mas resistente à mancha aureolada.

Tabela 2: Resistência do cultivar IAC 125 RN às raças 1 e 2 de Meloidogyne exigua

IG = Índice de galhas. Plantas com IG£2 são consideradas resistentes, segundo Taylor e Sasser (1978). NO/g raiz = Número médio de ovos por grama de raiz, avaliado em quatro plantas com IG £ 2. FR = Fator de reprodução calculado a partir da razão entre a população final e a população inicial de 5 mil ovos e juvenis J2 inoculada por vaso de 300 ml. 

Fonte: Instituto Agronômico de Campinas (IAC).


Apenas dois insetos são considerados pragas de importância primária para a cultura do café arábica no Brasil: o bicho-mineiro (Leucoptera coffeella), um lepidóptero que se alimenta das folhas das plantas, e a broca-dos-frutos (Hypothenemus hampei). Cultivares de café arábica resistentes ao bicho-mineiro são selecionados há cerca de 30 anos a partir da introgressão de genes de C. racemosa, uma espécie silvestre originária de Moçambique, onde é cultivada e conhecida como café de Inhambane.

Os nematoides do gênero Meloidogyne são os que mais danos causam ao cafeeiro no Brasil, especialmente os pertencentes às espécies M. exigua (raças 1 e 2), M. incognita (raças 1, 2 e 3) e M. paranaensis. As ocorrências e predominâncias de cada uma dessas espécies e raças variam nas regiões produtoras – especialmente nos estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais –, mas se acentuam com razoável rapidez. Na luta contra esses vermes do solo foram traçadas variadas estratégias de controles varietais. A primeira, mais imediata, tem relação com a enxertia hipocotiledonar de variedades copas suscetíveis da espécie C. arabica sobre porta-enxerto resistente de C. canephora. O cultivar Apoatã IAC 2258, lançado em 1987, é o único usado como “cavalo” na produção de mudas enxertadas, mas não constitui solução definitiva devido ao custo mais elevado desse tipo de muda, à heterogeneidade das plantas porta-enxerto (consequência do método sexual de propagação) e, finalmente, à variabilidade de resistência das plantas às diferentes populações dos nematoides.

Alguns dos cultivares já lançados no Brasil apresentam resistência a M. exigua, espécie mais disseminada nas lavouras cafeeiras, enquanto que o cultivar IPR 100 é considerado resistente a M. paranaensis. Novos cultivares vem sendo selecionados por diferentes instituições brasileiras com resultados parciais promissores, especialmente entre populações derivadas de Icatu, Híbrido de Timor e de introduções de C. arabica oriundas da Etiópia.

A enxertia de variedades copa de C. arabica resistentes à ferrugem e/ou ao bicho-mineiro em variedade porta-enxerto de C. canephora resistente a nematoides constitui a mais rápida forma de resistência múltipla a importantes agentes bióticos da cultura. O cultivar IAC 125 RN, além de apresentar vários genes de resistência completa à ferrugem, também é resistente às raças 1 e 2 do nematoide M. exigua.


Fonte: 

CARVALHO, C.H.S. Cultivares de Café: origem, características e recomendações. Brasília, DF: Embrapa Café, 2008. 334 p. 

BETTENCOURT, A.J.; FAZUOLI, L.C. Melhoramento genético de Coffea arabica L.: Transferência de genes de resistência a Hemileia vastatrix do Híbrido de Timor para o cultivar Villa Sarchí de C. arabica. Instituto Agronômico, 2008. 20 p. Documentos IAC, 84.

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