O cafeeiro é resiliente aos estresses climáticos?
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O terceiro levantamento da safra 2016/2017 do café, divulgado na última quarta-feira (21/09), pela Conab, estimou um crescimento de 14,8% no volume colhido em relação à temporada passada. Ao todo, a produção brasileira deverá ser de 49,64 milhões de sacas do grão beneficiado. Desempenho que poderia ter sido ainda melhor, se não fossem os desafios enfrentados pelos produtores em função das alterações climáticas, especialmente a seca intensa no Espírito Santo e as chuvas fora de época no Sul de Minas, que comprometeram, em alguma medida, a qualidade do produto.
A Pesquisa CaféPoint Colheita Cafeeira, em seu 3º ano consecutivo, foi apresentada no Fórum de Agricultura Sustentável, na Semana Internacional do Café 2016, que se encerra hoje, em Belo Horizonte. Um dos destaques do estudo, elaborado em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), é a situação dos produtores de conilon do Espírito Santo, que vivem uma das piores colheitas dos últimos anos. Cerca de 73% dos entrevistados indicaram queda na produção, sendo que 57% deles apontam um recuo entre 30% a 80%. “Por isso, os preços do conilon permanecem muito elevados. É preciso pensar outras formas de se prevenir contra as questões climáticas, pois remediar é ainda mais complicado”, argumenta a diretora de Conteúdo da Café Editora, responsável pela CaféPoint, Mariana Proença.
Já a área de produção de arábica, no Sul de Minas, recebeu chuva no período da colheita: em 65% dos casos, ainda na lavoura, e 33%, com o café já no terreiro. O volume de frutos recolhidos do chão durante a colheita, para 48% dos entrevistados, foi de 16% a 30% da produção. “Os frutos que restaram nos pés, conforme o depoimento dos produtores, têm pouco rendimento”, acrescenta Thaís Fernandes, também da CaféPoint. Alguns impactos dessa situação, inclusive, deverão ser sentidos na próxima safra de café.
A pesquisa ouviu mais de 500 produtores, entre julho e setembro de 2016, e contou com um questionário de 17 perguntas, além da colaboração dos produtores por meio de comentários espontâneos e fotos. O diferencial, em relação a outros levantamentos, é o fato de mapear a realidade da produção nas diferentes regiões brasileiras, sob a ótica do cafeicultor. O estudo completo estará disponível no site da Café Point (http://www.cafepoint.com.br), até o final desta semana.
A presença de estrelinhas nas lavouras de café é um aviso, uma resposta das plantas ao clima adverso de que algo está fugindo da normalidade
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