O cafeeiro é resiliente aos estresses climáticos?
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Créditos: Dra Paula Santini e Filipe Correia Tossani..........................................................................................................................
De fato, o cafeeiro é afetado pela seca com consequente redução da produção. A utilização de práticas de conservação da umidade do solo ou de irrigação podem ser formas de mitigar os problemas de deficiência hídrica e de incrementos à produção cafeeira, pois essa deficiência na fase de chumbinho (outubro a dezembro) atrasa o crescimento dos frutos e reduz a produtividade das plantas.
O tamanho final dos grãos é fortemente associado à precipitação ocorrida no período de 10 a 17 semanas após o florescimento, período este considerado de expansão rápida do fruto. Diante disso, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da irrigação por gotejamento na produtividade e qualidade do café no município de Alfenas, Sul de Minas. Foram avaliadas lavouras não irrigadas e com irrigação localizada através de gotejamento enterrado. O experimento foi conduzido com a variedade Acaiá 19/10, plantada em 2012, com 3.800 pl/ha. As irrigações se concentraram em duas fases fenológicas importantes para o cafeeiro: florescimento (94,5 mm) e maturação (67 mm), e foram aplicados 81 mm em set/17 e 13,5 mm em out/17. O retorno da irrigação ocorreu em abr/18, com 13,5 mm, e mai/18, com 54 mm, totalizando 162 mm de irrigação. O manejo da irrigação foi pelo método climático, utilizando a equação de Penmam-Monteith para cálculo da ET0 com os dados climáticos coletados da estação e ajustado na equação da ETC usando os coeficientes KS, KL e KC para chegar na evapotranspiração real da cultura no campo. O procedimento foi acompanhamento pela empresa Icrop. O café colhido foi levado ao IF Sul de Minas - Campus Muzambinho, onde foi realizada a secagem e avaliação física e sensorial.
Na foto: Guy Carvalho, Dra Paula Santini e demais alunos envolvidos na pesquisa após a colheita do café para avaliação
Nos cafeeiros irrigados ocorreu maior incremento de grãos com peneira 16 e acima, 14,02% a mais do que os grãos presentes nos tratamentos não irrigados. Isso é perceptível, pois quando suprida a demanda hídrica, estabelecem-se condições favoráveis para o desenvolvimento vigoroso das plantas, o que influencia positivamente no desenvolvimento dos frutos (enchimento, granação e tamanho). Os cafeeiros não irrigados apresentaram maiores porcentuais de grãos na categoria moca (18,34%).
Em relação ao parâmetro produtividade, pode-se notar no geral que os tratamentos irrigados obtiveram uma produção maior quando comparado aos cafés sequeiros. O tratamento que mais obteve produção em sacas por hectare foi o irrigado processamento natural, seguido pelo irrigado processamento descascado e, posteriormente, pelo irrigado processamento mistura de frutos. O tratamento irrigado natural produziu 47 sc ha-1 a mais que o sequeiro natural, um aumento de 75% na produção. A irrigação da lavoura cafeeira proporciona maior produtividade anual de café arábica beneficiado em relação à lavoura não irrigada.
Em relação ao parâmetro densidade de grãos, pode-se notar maior densidade obtida em grãos do tratamento irrigado quando comparado ao sequeiro, independente do tratamento pós colheita. A irrigação no momento certo de enchimento de grãos favorece a produção de grãos maiores, mais sadios e mais densos.
De acordo com os resultados verifica-se que a irrigação não exerce influência sobre a qualidade sensorial da bebida, sem depreciação.
Em relação ao rendimento dos grãos, foi visto que o tratamento natural irrigado obteve uma média de 445,23 L saca -1, resposta positiva da irrigação sobre o rendimento.
A presença de estrelinhas nas lavouras de café é um aviso, uma resposta das plantas ao clima adverso de que algo está fugindo da normalidade
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