O cafeeiro é resiliente aos estresses climáticos?
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Em 2017, o Prof. José Donizeti Alves, do Programa de Pós-Graduação em Fisiologia Vegetal da UFLA, escreveu um texto para a revista Cafeicultura sobre o desfolhamento do café à época, que continua atual como nunca, pois reflete a realidade de muitas lavouras. Inspirados por esse conteúdo, trouxemos algumas informações sobre o assunto. O texto do professor pode ser lido na íntegra acessando o link ao final.
A perda das folhas (desfolha) do cafeeiro é uma proteção natural das plantas para diminuir a transpiração durante períodos de seca. Porém, esse processo natural pode ocorrer em níveis significativos e causar prejuízos ao desenvolvimento dos frutos.
As principais causas incluem:
a)Desgaste da folhagem com deficiências pelo carreamento de suas reservas para os frutos;
b)Deficiência ou desequilíbrio mineral;
c)Ataque de pragas e doenças, que provocam lesões nas folhas;
d)Causas mecânicas, bióticas ou abióticas, que podem ocorrer na fase de colheita, por e)ventos fortes ou por queimaduras por pulverizações (sais, herbicidas etc);
Ocorrência de condições climáticas adversas, como granizo, geada, estiagem, ventos frios, desequilíbrio de temperaturas etc.
Segundo o Prof. Donizeti, um cafeeiro com desfolhamento significativo irá passar por um duro processo de recuperação, o que ocorre quando as chuvas voltam com intensidade e periodicidade adequadas e o solo restabelece sua capacidade de campo. Neste contexto, o início da fase de enfolhamento do cafeeiro se dará em meados de setembro e atingirá um pico em outubro/novembro, quando a partir daí a taxa irá decrescer gradativamente vindo a paralisar no mês de março. Cada folha lançada crescerá entre 25 a 30 dias, momento em que estará fisiologicamente madura e passará da condição de dreno à fonte, ou seja, produzirá carboidratos com energia suficiente para a manutenção do seu metabolismo e em quantidades adequadas para serem exportados para frutos, flores, ramos, caule e raízes.
As folhas do cafeeiro são o órgão de síntese de energia para a planta e realizam esse processo através da fotossíntese. A importância da área foliar de uma cultura é amplamente conhecida por ser um parâmetro indicativo de produtividade. Normalmente, sob condições adequadas de sombreamento, umidade, nutrição e sanidade, a relação folha:fruto em lavoura cafeeira de alto rendimento é de 1:5 e as folhas podem permanecer fisiologicamente ativas e fornecer energia para a planta por mais de 3 anos.
O nível de enfolhamento dos cafeeiros, especialmente aquele verificado no período mais crítico, no pós-colheita e pré-florada, é um parâmetro essencial no pegamento da frutificação. Portanto, para saber como a lavoura vai produzir na próxima safra, basta observar como as folhas das plantas se encontram em agosto/setembro. Em um cenário de desfolha, em que as folhas fisiologicamente maduras (recém-formadas na estação) não podem contar com o auxílio de um número adequado de folhas adultas (formadas na estação passada), a quantidade de energia produzida será insuficiente para sustentar as partes vegetativa (raiz, caule e folha) e reprodutiva (botão floral, flor, semente e fruto) que estarão convivendo e crescendo simultaneamente. Esse desequilíbrio implicará em competição entre um e outro, o que, no final, acabará comprometendo ambos, e consequentemente a produção da lavoura.
Para ter acesso ao texto do Prof. José Donizeti na íntegra, acesse o link –
A presença de estrelinhas nas lavouras de café é um aviso, uma resposta das plantas ao clima adverso de que algo está fugindo da normalidade
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