O cafeeiro é resiliente aos estresses climáticos?
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Os grãos de café moca são denominados pelo seu formato oval, sendo mais alongado no sentido longitudinal, mais fino e de menor tamanho que os grãos chatos e bem desenvolvidos. O café moca é proveniente da não fecundação de um dos óvulos do fruto, que normalmente apresenta duas lojas. Assim, apenas um grão se desenvolve, preenchendo o vazio deixado pelo outro e tomando a forma arredondada (TEIXEIRA, 1999).
Os mercados mais exigentes geralmente toleram no máximo 10% de grãos mocas para lotes classificados como grãos chatos. Na comercialização de sementes são tolerados no máximo 12% de grãos mocas (BRASIL, 1992), apesar de não ser considerado defeito. Acima desse percentual indica que está havendo alguma deficiência na fecundação, fenômeno relacionado basicamente a problema genético, com interferência ainda de fatores climáticos e de nutrição.
Nas regiões quentes, os cafeeiros que recebem maior incidência luminosa à tarde (face soalheira) e em condições de pouca umidade na época de florada aumentam a porcentagem de grãos moca. Em trabalhos já realizados são relatados que o grão moca pesa em média 9% menos que o grão chato (MATIELLO et al., 2002), interferindo no rendimento da produtividade.
Segundo Matiello e Almeida (2017), na parte alta (ponteiro) do cafeeiro o percentual de grão moca é maior, e também ocorrem mais mocas na ponta dos ramos produtivos. Ao contrário, na base e até o meio dos ramos produtivos, os frutos são maiores e apresentam maior quantidade de grãos chatos.
“A safra que estamos colhendo em 2022 está se caracterizando por algumas particularidades, entre elas o alto índice de grãos moca. Como explicado pela Dra Paula, a formação desses grãos ocorre lá atrás, no período de florescimento e chumbinho, e irá refletir numa única loja sendo ocupada. Não podemos nos esquecer que, no ano passado, saímos de uma seca bastante prolongada e tivemos um início de safra com altas temperaturas, o que explica o reflexo que estamos vendo hoje na maioria das lavouras.” - Guy Carvalho
Fonte:
MATIELLO J.; ALMEIDA, S. R. Sementes moca nascem e reproduzem plantas normalmente. Fundação Procafé: Alameda do Café, 1000 – Varginha, MG. CEP: 37.026-400. Disponível em: www.fundacaoprocafe.com.br. Acesso em: 22 maio 2017.
MATIELLO, J. B.; SANTINATO, R.; GARCIA, A. W. R.; ALMEIDA, S. R.; FERNANDES, D. R. Cultura de café no Brasil: novo manual de recomendações. Rio de Janeiro: MAPA/PROCAFE, 2002. 387 p.
TEIXEIRA, A. A Classificação do café. In: ZAMBOLIM, L. Produção de café com qualidade. Viçosa: UFV, 1999.
A presença de estrelinhas nas lavouras de café é um aviso, uma resposta das plantas ao clima adverso de que algo está fugindo da normalidade
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