Fumo de corda: produção artesanal ainda sobrevive em Poço Fundo

Lavouras de fumo sustentaram a economia de Poço Fundo por muitas décadas. Produto artesanal, o fumo de rolo poço-fundense era muito procurado em todo o Brasil. Hoje, mesmo com a diminuição do tabagismo, migração de muitos dos antigos fumantes para o cigarro industrializado, entre outros fatores, a produção artesanal ainda se mantém no município. Os produtores que ainda realizam a atividade levam em conta sua lucratividade, comparada à de outras culturas, e a utilidade do fumo também como defensivo agrícola contra pragas que atingem algumas culturas. 

Paulo Sérgio Muniz ainda permanece na atividade juntamente com sua esposa Rosilene e o filho Rhian. A família, que é residente do bairro Jacutinga, em Poço Fundo/MG, realiza o plantio do fumo em áreas de formação de lavouras da Fazenda Mantissa, produtora de cafés especiais, que fica localizada no município de Campestre/MG.

Considerada como uma cultura fácil, o fumo é plantado em fevereiro ou março. As mudas são feitas a partir de sementes colhidas nas safras anteriores e só podem ser colocadas no solo pela manhã ou no fim da tarde. O desenvolvimento da planta se dá em três meses e a colheita demora outros dois para aproveitamento das folhas mais atrasadas.  Depois de colhidas, as folhas ficam no galpão penduradas para secagem, quando já estão prontas para virarem corda de fumo. A terceira etapa do processo é a destala, que consiste na retirada do talho das folhas. Em seguida, as folhas são então cochadas e vão para o rolo, onde permanecem por 60 dias. Ao final da colheita, resta apenas o tronco, que é retirado para dar lugar à próxima safra. Com o cultivo em pequenas áreas, a plantação não necessita de inseticidas e defensivos agrícolas, pois ela própria repele as pragas, além de trazer outros benefícios quando utilizada como cultura intercalar ao cafeeiro, que veremos em breve. Aguarde!