O cafeeiro é resiliente aos estresses climáticos?
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Sempre em busca de levar conhecimentos de interesse aos nossos leitores, abrimos espaço em nosso site para jovens colunistas, alunos universitários que realizam pesquisas inovadoras e de qualidade dentro do segmento cafeeiro. Nosso intuito é de contribuir com a evolução da cafeicultura e criar oportunidade para esses jovens.
O trabalho apresentado a seguir é do aluno Luiz Otávio Moreira Viana, que cursa o 5º período do Curso Superior de Tecnologia em Cafeicultura (IF Sul de Minas - Campus Muzambinho).
A ferrugem (Hemileia vastatrix) tem sido a principal enfermidade presente na cultura do cafeeiro, podendo causar, além de intensa desfolha na lavoura com consequente seca dos ramos produtivos, perdas na produtividade em até 40% quando não se adota nenhuma medida de controle na propriedade (ACUÑA et al., 1998). Além disso, a severidade da doença está relacionada diretamente a carga de frutos presente na planta, sendo que, em anos de alta produtividade, a infestação pode chegar a maiores níveis, o que requer um maior cuidado em relação ao controle racional da doença.
O micronutriente boro desempenha funções vitais na planta, atuando no crescimento, no processo de fecundação das flores, participa da divisão e crescimento celular e, em colaboração com o cálcio, na formação adequada da parede celular. Desse modo, o fornecimento de boro tem sido correlacionado com a severidade da infestação de algumas enfermidades, já que sua carência pode resultar em uma má formação da parede celular, fazendo com que a presença de doenças se torne mais expressiva.
Atualmente, a aplicação de fungicidas via solo para o manejo da ferrugem do cafeeiro tem se tornado uma prática comum nas propriedades cafeeiras, justamente pela maior facilidade, rendimento e pela melhor eficiência dos produtos de ação sistêmica na planta. Como a época de controle de doenças e do fornecimento de boro coincidem, associar a aplicação de fungicidas com esse micronutriente, além de aumentar a eficiência no controle da ferrugem, se torna uma opção economicamente viável na redução do custo com mão-de-obra para aplicação.
O presente trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos do ácido bórico associado ao Flutriafol no controle da ferrugem do cafeeiro em uma lavoura de Catuaí Vermelho IAC 144, usando-se a dosagem de acordo com a recomendação do fabricante (5 L/ha) em associação ao ácido bórico (40g/L de água), sendo a aplicação feita via drench. Em outra área realizou-se a aplicação de ácido bórico de forma sólida na dosagem de 11 kg/ha, definida a partir da análise de solo. Após 120 dias da aplicação, realizou-se um controle complementar para a ferrugem com aplicação foliar de Priori Xtra na dose de 500 mL/ha.
O controle associado ao ácido bórico possibilitou uma redução no número de aplicações, visto que proporcionou 82 a 90 dias sem uma infestação superior a 5% (sendo esse o nível de controle para ferrugem), enquanto que na área onde não foi realizada nenhuma aplicação foram apenas 59 dias sem ocorrer a infestação das plantas. Na área onde se realizou a aplicação do ácido bórico na forma sólida e sem associação ao fungicida, observou-se um maior tempo para a ferrugem atingir o nível de controle, sendo o resultado semelhante nas áreas em que se utilizou o fungicida.
Por esses resultados é possível dizer que o boro, quando aplicado em associação ou não a produtos fungicidas, reduz de forma eficiente a incidência da ferrugem do cafeeiro, com semelhança ao controle químico. Além disso, quando se associa a produtos químicos pode promover uma menor infestação das plantas, além de reduzir custos com aplicação, uma vez que em uma só operação pode ser realizada a aplicação do boro e do fungicida via solo no cafeeiro.
Dica do Guy: As condições climáticas para o desenvolvimento da ferrugem são alta umidade e calor, e sua incidência em anos como este é a partir de novembro. O manejo de controle contra a ferrugem deve ser preventivo e realizado, entre outras formas, por meio da aplicação de fungicidas via solo entre novembro e dezembro. É importante incluir uma fonte com o micronutriente boro nesse momento para aproveitar a aplicação, uma vez que comprovadamente auxilia na diminuição da infestação da doença, além de nutrir as plantas. Consulte o seu técnico de confiança e utilize os EPIs corretamente.
Referências bibliográficas:
MARCOM, J. A.; GOULART, R. R.; COSTA, L. R. S. P.; REIS, L. O.; GUIMARÃES, F. A.; ZAVAGLI, G. P. Controle da ferrugem do cafeeiro com flutriafol associado a ácido bórico sob diferentes formas de aplicação. 11ª Jornada Científica e Tecnológia do IFSULDEMINAS e 8º Simpósio de Pós-Graduação. Câmpus Inconfidentes, Novembro de 2019.
Trabalhos Acadêmicos:
GOULART, R. R. et al. Aplicação de fungicidas via drench e via foliar associado a ácido bórico no controle da ferrugem e cercosporiose e desenvolvimento do cafeeiro (Coffea arabica). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISAS CAFEEIRAS, 43., 2017, Poços de Caldas. Anais... Brasília, DF: Embrapa Café, 2017. (1 CD-ROM), 2 p.
A presença de estrelinhas nas lavouras de café é um aviso, uma resposta das plantas ao clima adverso de que algo está fugindo da normalidade
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