O cafeeiro é resiliente aos estresses climáticos?
Ver mais
Existe um leque de centenas de cultivares registradas no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – Mapa, cada uma reunindo uma série de características desejáveis, proporcionando assim as escolhas que vão ao encontro dos objetivos do empreendimento. Assim como não há uma recomendação oficial, na escolha da cultivar devem-se considerar aspectos como: porte e arquitetura da planta, índices de produtividade, qualidade de bebida, tolerância a pragas e doenças, adaptabilidade às condições climáticas do local, além do nível tecnológico a ser adotado (MESQUITA, 2016).
A qualidade do café está relacionada a diversos fatores, como genética, no que diz respeito à espécie botânica e cultivar utilizada; fatores ambientais, como temperatura, disponibilidade hídrica e tratos culturais (fornecimento adequado de nutrientes, manejo de pragas e doenças), além de processos pós-colheita que podem influenciar as características sensoriais dos grãos (CHAGAS, 2010). Em relação aos fatores genéticos, diversas cultivares estão disponíveis para o cafeicultor, porém elas podem apresentar comportamento diferente de acordo com as condições edafoclimáticas do local de plantio (FAZUOLI et al, 2002).
No café arábica recomenda-se o plantio em áreas entre 600 m e 1.200 m de altitude devido à influência que esse fator exerce na longevidade, na produtividade da lavoura e na qualidade da bebida (MESQUITA, 2016). Sabe-se que cultivares de café que possuem maturação tardia, desde que o manejo seja correto, tendem a ter boa qualidade de bebida por acumularem mais carboidratos. Esse acúmulo depende do tempo gasto no processo de formação dos frutos, podendo ser influenciado pelos fatores do ambiente e pela variedade da planta (ZAIDAN et al., 2017). Altitude e período de exposição à luminosidade são alguns dos fatores ambientais que mais frequentemente são citados como influenciadores da cultura do café. Em altitudes mais elevadas normalmente se produzem cafés de melhor qualidade (SILVA et al., 2006).
Nesse contexto, pode-se considerar que a identificação da melhor combinação de fatores (altitude x variedade x orientação da encosta da montanha) é uma ferramenta importante para auxiliar o produtor na produção de cafés com maior potencial de qualidade de bebida (ZAIDAN et al., 2017).
Fonte:
CHAGAS, S. J. R., MALTA, M. R. & PEREIRA, R. G. F. A. Potencial da região sul de Minas Gerais para a produção de cafés especiais (I–Atividade da polifenoloxidase, condutividade elétrica e lixiviação de potássio). Ciência e Agrotecnologia, v. 29, n. 3, 2010.
FAZUOLI, L. C., MEDINA FILHO, H. P., GONÇALVES W., GUERREIRO FILHO, O. SILVAROLLA, M. B.. Melhoramento do cafeeiro: variedades tipo arábica obtidas no Instituto Agronômico de Campinas. O estado da arte de tecnologias na produção de café. p. 163-215, 2002.
MESQUITA, Carlos Magno de et al. Manual do café: implantação de cafezais Coffea arábica L. Belo Horizonte: EMATER-MG, 2016. 50 p. il
SILVA, R. F. et al. Altitude e a qualidade do café cereja descascado. Revista Brasileira de Armazenamento Especial Café, Viçosa, n. 9, p. 40-47, 2006.
ZAIDAN, U. R.; CORREA, P. C.; FERREIRA, W. P. M.; CECON, P. R. Ambiente e variedades influenciam a qualidade de cafés das matas de minas. Coffee Science, Lavras, v. 12, n. 2, p. 240 - 247, 2017.
A presença de estrelinhas nas lavouras de café é um aviso, uma resposta das plantas ao clima adverso de que algo está fugindo da normalidade
Ver maisVer mais