O cafeeiro é resiliente aos estresses climáticos?
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O café é a segunda commodity mais comercializada no mundo, sendo a mais importante atividade agroindustrial no Brasil. Com isso, é importante se atentar a fatores fitossanitários que possam comprometer a produção e qualidade final da bebida, como o ataque severo de nematoides. A grosso modo, os nematoides fitoparasitos são limitantes ao cultivo do cafeeiro, principalmente em solos arenosos, com baixa fertilidade e deficiência hídrica (OLIVEIRA e ROSA, 2018), e várias espécies estão associadas à cultura do café, como: Meloidogyne incognita, M. exigua, M. paranaensis, M. coffeicola, M/ hapla, M. arabicidae e M. arenaria, Pralylenchus brachiurus e P. coffea, Xiphinema krugi, Helycotilenchus dihistera, Aphalenchus sp e Criconemoides sp, que comumente atacam as raízes das plantas. Dentre elas, as espécies dos gêneros Meloidogyne, que ocorrem com maior gravidade nas regiões de solo arenoso do Paraná, de São Paulo e do Sul e Alto-Paranaíba de Minas Gerais, e Pratylenchus são comprovadamente nocivas. Estima-se uma redução de até 20% da produção de café no Brasil devido ao ataque desses parasitas.
Os nematoides das galhas radiculares são sedentários e endoparasitos. Os ovos depositados pelas fêmeas eclodem os juvenis de segundo estádio, que apresentam corpo vermiforme. Eles penetram nas raízes do cafeeiro e estabelecem um sítio de alimentação junto ao sistema vascular, incitando a formação de tecido nutridor. Permanecem se alimentando num único local e, após sofrerem três ecdises, atingem a forma adulta. Os machos são vermiformes e não parasitam as plantas, abandonando as raízes. As fêmeas apresentam forma do corpo aberrante, assumindo formato de pera, possuem cor branca e permanecem se alimentando, passando a produzir os ovos. Cada fêmea pode produzir, em média, 500 ovos. Isso faz com que as raízes do cafeeiro diminuam sua capacidade de absorção de água e nutrientes, demonstrando menos vigor e crescimento reduzido.
A disseminação se dá por mudas de café e plantas infestadas através de enxurradas e pelo trânsito de implementos agrícolas, que levam o solo infestado com ovos e larvas para outras áreas, assim como os trabalhadores, que transferem solo infestado, agarrado às botas, nos dias de chuva.
As plantas infectadas apresentam tamanho desigual, formando reboleiras na cultura devido a vários fatores (nível de infestação inicial, distribuição espacial dos nematoides etc.) As folhas podem ficar com coloração anormal e cloróticas, semelhante a sintomas de deficiência nutricional, o que leva por consequência a diminuição na produção e qualidade final da bebida, inviabilizando a exploração econômica.
De modo geral, a melhor forma de controle é se evitar o contágio, que é mais eficaz quando comparado a tratamento curativo, evitando plantio em áreas infectadas e uso de mudas contaminadas. O controle curativo não erradica os parasitas, mas diminui a infestação.
Fonte:
Cultura de Café no Brasil Novo Manual de recomendações (Matiello, Santinato, Garcia, Almeida e Fernandes). Agro Byte - http://www.agrobyte.com.br/
OLIVEIRA, C. M. G.; ROSA, J. M. O. Nematoides parasitos dos cafeeiros. Instituto Biológico, boletim técnico, n 38, p. 1-28, fevereiro 2018
A presença de estrelinhas nas lavouras de café é um aviso, uma resposta das plantas ao clima adverso de que algo está fugindo da normalidade
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