O cafeeiro é resiliente aos estresses climáticos?
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Antes de responder essa questão, é importante entender o que é o melhoramento genético, o grande responsável por criar variedades com qualidades mais desenvolvidas ou com características adicionais que irão desempenhar uma função benéfica à produção agrícola.
O melhoramento genético é o processo de selecionar ou modificar intencionalmente o material genético de um ser vivo com o objetivo de desenvolver indivíduos com características desejáveis. Constitui metodologias para a criação, seleção e fixação de plantas contendo fenótipos superiores, visando o desenvolvimento de cultivares melhoradas para as necessidades dos agricultores e consumidores. Essas técnicas foram incialmente identificadas por Gregor Mendel, considerado o pai da genética devido aos seus estudos e experiências com ervilhas, no século 19, e são os alicerces do desenvolvimento da civilização baseada na agricultura e na domesticação animal.
As técnicas do melhoramento genético convencional estiveram presentes também no centro da Revolução Verde nas décadas de 1960 e 1970, em que houve a criação e a disseminação de novas sementes e práticas agrícolas, levando a um grande aumento na produção mundial de alimentos. Até esse período, o melhoramento genético de sementes era feito por seleção ou pelo simples cruzamento de espécies iguais ou similares, um processo lento e de difícil controle. Com isso, o processo de criação de novas variedades de sementes deslanchou.
Dentro do contexto para o cafeeiro, além dos objetivos tradicionais para a criação de novas variedades, como longevidade, vigor, adaptação ampla e produtividade, incorporaram-se também vários outros, como resistência à ferrugem, ao bicho-mineiro, aos nematoides, porte reduzido, maturação dos frutos, adaptação ao local ou até demandas especiais, que podem oferecer aumento da produção e diminuição dos custos. É importante destacar que a variedade ideal é na verdade um conjunto de cinco variedades com diferentes pontos de maturação (precoce, semi precoce, mediana, semi tardia e tardia) para escalonar a colheita e colher assim o máximo de cafés cereja.
E a nutrição dessas novas variedades, como fica? Ainda é um desafio para os pesquisadores determinarem sua adubação ideal, para uma variedade resistente a ferrugem por exemplo com 30% mais de produtividade sua nutrição deve ser reforçada. Uma forma do cafeicultor conhecer e colaborar do sucesso dessa variedade é implantar um banco de variedades e realizar um teste para a adubação, que inclui acompanhamento através de análises foliares macro e micro ao longo de um período para se ter uma ideia da sua exigência nutricional. Além disso, é necessário também testar os espaçamentos entre plantas para analisar a produtividade e vigor das plantas.
Durante o X Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, que aconteceu na cidade de Vitório/ES, entre os dias 8 e 11 de outubro, Guy Carvalho teve a oportunidade de conversar pessoalmente com o pesquisador Tumoru Sera, do IAPAR (Instituto Agronômico do Paraná), sobre a importância das novas variedades, e baseado na entrevista este conteúdo foi preparado.
Assista a entrevista na íntegra na aba Vídeos e confira!
A presença de estrelinhas nas lavouras de café é um aviso, uma resposta das plantas ao clima adverso de que algo está fugindo da normalidade
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