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04/12/2020
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Guy
Safras 21/22: o desafio é quantificar os prejuízos

Séculos de secas e inundações nos contemplam, porém cada intempérie possui a sua peculiaridade. Novamente, a agropecuária sente efeitos nocivos e perversos vindos do mundo divino. Desta vez, não foi apenas a falta de água o agente causador, mas também e principalmente as altas temperaturas atingindo as lavouras de maneira quase mortal. No caso do café, a seca ocorreu no importante período da florada, quando o arbusto precisa de água e temperaturas amenas, e parece ser o mais atingido dentre tantas outras atividades agropecuárias. Temos observado agrônomos fazendo suas avaliações sobre o impacto desse evento nas lavouras, e o sentimento geral é de que todos têm muito receio de dar um diagnóstico preciso da situação porque simplesmente a ocorrência da seca ainda não cessou, havendo inclusive variações de danos dentro da mesma fazenda, portanto os prejuízos ainda têm uma forte tendência a ficarem maiores, bem maiores. 

Já estamos no mês de dezembro e temos várias declarações de produtores e agrônomos experientes dizendo que nunca viram uma ocorrência como essa durante a história de suas vidas, e um consenso geral é de que os prejuízos decorrentes disso tudo são muito grandes e irreparáveis. O primeiro impactado é o produtor rural atingido pela seca, principalmente aqueles que já possuem compromissos financeiros para pagamento pós-colheita do ano de 2021. Depois, temos o impacto social das cidades que possuem em sua base econômica a atividade agropecuária. Menor receita de vendas geram menos impostos. Menos dinheiro circulando pode causar mais desemprego e menos irrigação econômica, e já podemos imaginar o forte impacto em tempos de pandemia, não será fácil! A cadeia produtiva antes, dentro e depois da porteira sentirá os danos. 

O momento exige muita cautela por parte das lideranças e, mais ainda, uma união de discursos e ações para amenizar os efeitos gerados pela seca, sejam eles financeiros, sociais ou até mesmo psicológicos. Os produtores rurais precisam de boa orientação em momentos difíceis, visto claramente que os efeitos da seca estarão presentes no ano de 2021 e também 2022, pois hoje as lavouras cafeeiras apresentam crescimento comprometido e muito abaixo do normal. Ainda não podemos falar o quanto foi perdido em termos de produção, pois existem variáveis importantes a serem consideradas, mas não dá para negar que as perdas de potencial para a próxima safra já são uma realidade e variam até dentro da mesma gleba em função da estrutura e idade das plantas, produção na safra 2020, variedade cultivada, tipos de poda e topo clima, sendo maiores as que ocorreram em áreas voltadas para o sol da tarde nas lavouras que saíram de uma carga maior.  Em áreas irrigadas, que floresceram no início de outubro, as perdas se igualam as de sequeiro em função das altas temperaturas. O sentimento forte é de que esse clima inédito nas principais regiões produtoras trará consequências também nunca vistas. 

Vale também salientar a necessidade de revermos de forma urgente a questão dos seguros agropecuários no Brasil, pois da maneira que está não pode mais continuar, uma vez que o produtor simplesmente não consegue receber os valores devidos quando existe a ocorrência de sinistro. 

Reunião de técnicos e cafeicultores no Sindicato Rural de Cabo Verde/Mg para debater as questões relacionadas a seca e suas consequências

por Jeronimo Giacchetta, economista e presidente do Sindicato Rural de Cabo Verde/MG, e Guy Carvalho 

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