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19/07/2022
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José Donizeti Alves
O café tem esta estranha mania de jogar contra

Vejam esses números: Previsão inicial: 20 a 22.000 sacas de café. Após a geada: 10.000. Após a florada: 12.000. Dezembro/21: 8.000. Julho/22: 4.000. Esses números vieram de um “relato” de um cafeicultor em um dos grupos do WhatsApp que participo e só confirmam que, a tão anunciada quebra de safra deste ano, poderá ser maior que a prevista.

Os números relatados por esse cafeicultor e a frase “É assustador verificar como o cafeeiro reage tão mal ao clima adverso”, dita por outro cafeicultor, em um dos muitos grupos de discussão que participo, me inspiraram escrever este texto.  

Em uma palestra que fiz no mês passado em um evento em Itú, destaquei que a principal dor do cafeicultor no campo, se relacionava a baixa tolerância do cafeeiro em ambiente com alta pressão. Na sequência mostrei que quando a seca, o calor e o frio são extremos, a tendência do cafeeiro é trabalhar contra o cafeicultor e produzir pouco. Então, não é verdade que o cafeeiro reage mal ao clima adverso. Ele reage da maneira que tem de ser, pois isto, está “impresso” em seu DNA: sou uma planta de sombra e como tal, sou altamente susceptível ao clima adverso e sempre que o clima ficar muito ruim, eu vou produzir pouco. 

Esta é a realidade. Não tem como fugir dela, pois o cafeeiro, “não está preocupado em agradar o cafeicultor”, mas tão somente, em responder ao ambiente em que ele está inserido. E aqui eu destaco que o ambiente a que me refiro, significa clima e manejo e,  cabe a nós, com um manejo adequado, reverter a tendência e fazer o cafeeiro trabalhar a nosso favor e produzir. Certamente ele vai produzir menos, mas com lucro. Para tanto, temos que vencer barreiras genéticas, fisiológicas, ambientais e agronômicos. Algumas dessas barreiras são quase impossíveis de ultrapassar, outras são muito difíceis e há aquelas que dependem apenas de nossa “disponibilidade” em ultrapassá-las.

Em determinados momentos, a pressão do ambiente é tão grande, que ela supera os benefícios do manejo e da genética e a despeito de todo esforço do cafeicultor (como é o caso do que citei acima), a quebra de safra é inevitável. Dois exemplos são as quedas de safras do ano passado e desse ano. Foi impossível, detê-las, apesar do  avanço tecnológico da cafeicultura brasileira, que a meu ver, foi o que salvou essas safras, impedindo que o desastre fosse  maior, tamanha a pressão sofrida. 

Mais recentemente, estamos tendo relatos de um abotoamento precoce nas lavouras. Esse abotoamento, normalmente ocorre nas gemas mais desenvolvidas e que foram induzidas primeiro. Uma vez que o abotoamento não foi precedido por chuvas leves, e possível que foi disparado pela elevação do potencial hídrico, por conta da alta umidade do ar nas madrugadas. Esse adiantamento é preocupante, pois ele está ocorrendo justamente em uma época em que não há reservas de água no solo. Fato esse é que as plantas estão murchas, amareladas e com uma desfolha muito grande.

Caso, não chova ou que haja um frio muito forte, nos próximos dias, esses botões vão sofrer aborto e não vão vingar por conta de problemas na formação e preservação das peças florais. Conclusão, quando esses botões abrirem, vai ser uma pequena florada perdida que poderia render frutos lá na frente, caso continuassem dormentes. Aliás, com essa seca e um frio rondando, o melhor cenário seria, essas gemas permanecerem como tal, pois nessa condição de dormência, elas tem um sistema de autoproteção ao frio e dessecação, bastante eficiente e seriam preservadas. Abotoadas como estão, elas se encontram em uma condição de alta vulnerabilidade. Esse é um exemplo de uma situação de alta pressão do ambiente em que o produtor fica impotente para reagir. Neste momento, temos que, assim que possível, investir na qualidade das folhas da porção do ramo que cresceu na estação passada pois, elas é que sustentarão a próxima safra e o lançamento de nós, que será a sede física da safra 2024. 


Prof. José Donizeti Alves - FisioCafé Consultoria e Palestras Ltda

e-mail: Fisiocafeconsult@gmail.com

Telefone: (35) 99200-6703

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